Oteatro medieval é aquele que foi produzido na era medieval (século V ao XV). Durante esse período, o teatro medieval pode ser classificado em duas vertentes:
o teatro sacro, relacionado aos temas religiosos;
o teatro profano, tal qual as farsas e os jograis, com os temas de caráter popular, cômico e moralizante.
Após a queda do Império Romano, a Igreja Católica controlava a vida dos cidadãos e o teatro foi considerado uma arte profana e satírica e, por esse motivo, foi banido pela Igreja até o século XII, quando ele começa a ressurgir na Europa.
O TEATRO DE CATEQUESE
Uma das primeiras manifestações do teatro no Brasil ocorreu no século XVI como forma de catequização. O teatro era utilizado pelos jesuítas para instruir religiosamente os índios e colonos. O padre Anchieta é um dos principais jesuítas que utilizou estes tipos de representações que eram chamadas de teatro de catequese.
1) Troque as Conjunções coordenativas adversativas do texto.
O Corpo de Bombeiros deslocou 18 viaturas para o local, mas as chamas, que duraram apenas 10 minutos, foram controladas pela própria brigada de incêndio da instituição.Entretanto, devido a fumaça, parte dos pacientes teve que ser remanejada.
Conjunções coordenativas adversativas estabelecem relação de oposição. As principais conjunções coordenativas adversativas são“mas”, “porém”, “contudo”, “todavia”, “entretanto”.
Elementos de coesão
As conjunções coordenativas são aquelas que relacionam orações independentes ou sintaticamente equivalentes. Elas são separadas em:
ConjunçõesAditivas: Possuem o sentido de adição, soma. As principais conjunções são: e, nem, como, mas, também, bem como, além de, além disso, etc.
ConjunçõesAdversativas: Possuem o sentido de oposição e contraste. As principais conjunções são: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, etc.
ConjunçõesAlternativas: Possuem o sentido de alternância e exclusão. As principais conjunções são: ou, ou…ou, já…já, etc.
ConjunçõesConclusivas: Possuem o sentido de conclusão e explicação. As principais conjunções são: quer logo, portanto, etc.
ConjunçõesExplicativas:Possuem o sentido de justificativa. As principais conjunções são: pois, porque, que, etc.
O Corpo de Bombeiros deslocou 18 viaturas para o local, mas as chamas, que duraram apenas 10 minutos, foram controladas pela própria brigada de incêndio da instituição.Entretanto, devido a fumaça, parte dos pacientes teve que ser remanejada.
2) Qual o sentido das conjunções coordenativas destacada:
A) Conjunções Aditivas B) Conjunções Adversativas C) Conjunções Alternativas D) Conjunções Conclusivas E) Conjunções Explicativas
Com palavras criadas a todo instante por conversas do dia a dia e tecnologias, entenda como gírias e expressões vão parar entre os verbetes do dicionário Quantas palavras tem a língua portuguesa? É impossível saber ao certo, mas as estimativas variam entre 200 mil e 600 mil. Diante de tamanha imprecisão, alguém poderia sugerir: ora, basta contar o número de verbetes do dicionário! Infelizmente, esse procedimento não daria certo porque diferentes títulos contêm quantidades variáveis de vocábulos e também porque apenas uma pequena parcela das palavras da língua está registrada neles. Parece estranho? Pois não é. Em primeiro lugar, numa conversa de botequim ou no âmbito do comércio, da ciência ou da tecnologia, palavras são criadas a todo instante, da gíria adolescente ao termo técnico. É em parte por isso que se torna impossível estabelecer com precisão o número de termos da língua.
1) As palavras que compõem o título são, na ordem e no contexto que aparecem
a) substantivo e adjetivo b) adjetivo e substantivo c) adjetivo e verbo d) substantivo e verbo e) interjeição e verbo
2) “Quantas palavras tem a língua portuguesa? É impossível saber ao certo, mas as estimativas variam entre 200 mil e 600 mil.” A conjunção coordenada adversativa presente traz sentido, entre as orações, de a) oposição. b) adição. c) alternância. d) quantidade. e) superioridade.
3) Na frase, “Parece estranho? Pois não é.”, a palavra “pois” possui sentido, neste contexto, de a) conclusão. b) adição. c) alternância. d) explicação. e) oposição.
Em primeiro lugar, numa conversa de botequim ou no âmbito do comércio, da ciência ou da tecnologia, palavras são criadas a todo instante, da gíria adolescente ao termo técnico.
4) A palavra que inicia o último parágrafo é a) uma interjeição b) uma conjunção c) uma preposição d) um artigo definido e) um pronome
5) Analise as alternativas a seguir em relação à expressão que termina o texto “da língua”. I – é uma locução adjetiva. II – é composta por preposição, artigo e substantivo III – é uma locução adverbial
Marque a alternativa que contempla a(s) incorreta(s) a) I b) II c) I e II d) III e) II e III
6) No último parágrafo, encontramos conjunções a) aditivas b) adversativas c) alternativas d) explicativas e) conclusivas
7) “O aluno não só estuda Português, mas lê livros indicados em vídeos no Youtube”. A conjunção adversativa, neste contexto, tem valor de a) soma b) contraste c) possibilidade d) neutralidade e) subtração
8) Se você fosse um escritor(ou escritora) e usasse esta frase em um dos seus capítulos, “Aquela moça fala, fala, fala e ninguém a escuta!”, poderíamos afirmar que a repetição do verbo “falar” e a conjunção “e” na construção da sua história, respectivamente a) demonstra que a moça fala pouco e o “e” indica soma. b) demonstra que a moça fala muito e o “e” indica oposição. c) demonstra que a moça fala palavrões e o “e” indica oposição. d) demonstra que a moça fala muito e o “e” indica justificativa. e) demonstra que a moça não fala e o “e” indica alternância.
9) Se o aluno chega em casa e ouve: “Estuda ou ficará de castigo!”. A conjunção coordenativa alternativa traz o sentido, neste contexto, de a) soma de duas ações. b) condição para não passar uma situação ruim. c) oposição entre duas ações. d) soma de ideias opostas. e) condição para ser visto como bom aluno.
10) Analise as afirmativas I – Na frase: “As pessoas sabem o que fazer, mas precisam de orientação constante.”, poderíamos substituir o “mas” por “porém” sem prejuízo do sentido e da correção gramatical. II – Entretanto e Portanto são conjunções adversativas. III – Ou é uma conjunção coordenativa alternativa, ou seja, indica soma.
Marque a alternativa que contempla a(s) incorreta(s) a)I
Amor é fogo que arde sem se ver é um soneto de Luís Vaz de Camões (1524-1580), um dos maiores escritores portugueses de todos os tempos. O famoso poema foi publicado na segunda edição da obraRimas,lançada em 1598.
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer; é um andar solitário entre a gente; é nunca contentar-se de contente; é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor
Soneto é uma estrutura literária de forma fixa composta por catorze versos, dos quais dois sãoquartetos (conjunto de quatro versos) e dois tercetos (conjunto de três versos). Foi provavelmente criado pelo poeta e humanista italiano Francesco Petrarca (1304-1374). A palavra soneto (do italiano “sonetto”) significa pequeno som ao referir-se à sonoridade produzida pelos versos.
Identificar diversos tipos de anúncios. Compreender a linguagem e os diversos sentidos de um anúncio. Pesquisar anúncios na internet Analisar diversos tipos de anúncios pela internet, mediados pelo professor Compreender a força de um anúncio ( Muitas vezes compramos o que não precisamos Elaborar uma campanha publicitária convincente de produtos sem utilidade, previamente selecionados pelo professor Utilizar um software de produção de áudio e vídeo para produzir o anúncio publicitário Produzir e divulgar na classe o anúncio publicitário.
DESENVOLVIMENTO
Investigar o conhecimento prévio dos discentes em relação ao anúncio publicitário através de conversa informal dialógica. Apresentar alguns recortes de anúncios de revistas e questionar a turma sobre o que eles compreenderam sobre a mensagem passada pelo anúncio. Dividir a turma em equipes de cinco membros para fazerem a leitura e compreensão de alguns a anúncios, depois cada grupo escolherá um colega para apresentar a leitura e compreensão do s grupo.
Levar os alunos para a sala de informática para pesquisarem alguns anúncios publicitários direcionados. Realizar a análise destes anúncios com a participação interativa de todos os alunos através de questionamentos que os instiguem a enxergar mensagens e intenções destes anúncios.
Assistir aos vídeos propostos e realização sobre a temática abordada
Criar um produto novo e elaborar um anúncio publicitário que convincente
Elaborar uma vídeo aula sobre esta propaganda, com a orientação do professor
Publicar a vídeo aula no youtube com a orientação do professor
Objetos de conhecimento
Efeitos de sentido
Habilidades
Identificar e analisar os efeitos de sentido que fortalecem a persuasão
nos textos publicitários, relacionando as estratégias de persuasão e apelo ao
consumo com os recursos linguístico-discursivos utilizados, como imagens, tempo
verbal, jogos de palavras, figuras de linguagem etc., com vistas a fomentar
práticas de consumo conscientes.
PROPAGANDA OU PUBLICIDADE
Qual diferença entre publicidade e
propaganda?
Embora muita gente use as duas palavras
como sinônimas, os conceitos de publicidade e de
propaganda possuem suas diferenças. Enquanto a
publicidade é uma forma de comunicação que
busca promover algum serviço ou produto ao
público, a propaganda é uma forma de transmitir
ideias que podem ser comerciais, políticas,
religiosas e sociais, e buscam influenciar o
comportamento de alguém.
De acordo com o artigo 36 do Código de
Defesa do Consumidor, a publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a
identifique como tal. Por isso, deve estar claro que o propósito da publicidade é promover comercialmente o que
está sendo veiculado.
Já a propaganda é uma forma de divulgar e propagar, como o nome já faz a referência, essas ideias, que podem
ser enviesadas politicamente, socialmente, economicamente, ideologicamente, religiosamente, etc.
Enquanto a publicidade é paga por um patrocinador que busca divulgar marcas, produtos, serviços ou pessoas, a
propaganda geralmente é gratuita e se houver um patrocinador ele não é necessariamente divulgado.
CONSTRUÇÃO DE SENTIDO
1. Considerando que uma das estratégias de persuasão dos anúncios é associar um produto à
sensação de alegria, marque o recurso que poderia ser usado para relacionar a posse de um
brinquedo específico à felicidade.
a) Foto de uma criança sorrindo com o brinquedo.
b) Emprego de uma única cor em todo o anúncio.
c) Foto da fábrica onde foi produzido o brinquedo.
d) Emprego de tons de cinza.
2. Leia este texto de uma propaganda:
“Essa corrente precisa de você. Doe sangue”
Disponível em:
. Acesso em: 24 out. 2018.
Quais recursos linguísticos apresentados nesse texto de propaganda são característicos desse
gênero?
3) “Essa corrente precisa de você. Doe sangue”
Gabarito das questões
1. Alternativa a. A imagem da criança feliz com o brinquedo transmite a ideia de que se pode obter
felicidade pela simples aquisição de um produto.
2. Espera-se que os alunos mencionem o uso do verbo “doar” no imperativo e o da palavra
“corrente” no sentido figurado, significando: “aquilo que corre”, em uma alusão ao sangue, e
“um grupo de pessoas que formam um elo, uma união de resistência ao mal, e que propagam o
bem”.
Considerado o mais importante escritor de língua portuguesa, Camões foi o nome mais expressivo do classicismo português. Por serem muito escassos os documentos referentes à vida de Luís Vaz de Camões, estima-se que ele tenha nascido ou em 1524 ou em 1525, em Lisboa, capital de Portugal. Teria cursado Artes no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra. Ainda jovem, ingressou na carreira militar, tendo servido em Marrocos, onde perdeu o olho direito. Morreu em 1580, em situação de extrema pobreza. Para saber mais sobre a vida e a obra desse autor português, leia: Luís Vaz de Camões.
Principais obras de Camões
→ Os Lusíadas
Sua obra-prima foi o poema épicoOs Lusíadas, publicado em 1572 e estruturado em 10 cantos, nos quais distribuem-se 8.816 versos em oitava rima. Aos moldes das epopeias clássicas, como Odisseia e Ilíada, o poema de Camões contém proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo.
Narram-se, ao longo dos 10 cantos, os feitos heroicos dos portugueses, os quais, em 1498, lançaram-se ao mar em busca de expansão comercial e territorial, liderados por Vasco da Gama, comandante da expedição que descobriu o caminho para as Índias. Leia a estrofe 3 do Canto I:
Canto I
Cessem do sábio Grego e do Troiano As navegações grandes que fizeram; Cale-se de Alexandro e de Trajano A fama das vitórias que tiveram; Que eu canto o peito ilustre Lusitano, A quem Neptuno e Marte obedeceram: Cesse tudo o que a Musa antígua canta, Que outro valor mais alto se alevanta.
Última estrofe da proposição, tem-se nesses verses a exaltação da empreitada marítima portuguesa, considerada pelo poeta superior às navegações empreendidas pelos gregos, pelo imperador Alexandre, por Trajano. Além dessa comparação que coloca em superioridade os lusitanos, notam-se nesses versos referências à mitologia greco-romana, característica fundamental do classicismo.
Poesia
Na poesia lírica, Camões escreveu poemas em medida velha (redondilhas) e poemas em medida nova (decassílabos), influência dos humanistas italianos, principalmente do poeta Petrarca (1304-1374). Em relação à temática, seus poemas expressam temas ligados ao neoplatonismo amoroso, à reflexão filosófica e à natureza.
Quem vê, Senhora, claro e manifesto o lindo ser de vossos olhos belos, se não perder a vista só em vê-los, já não paga o que deve a vosso gesto.
Este me parecia preço honesto; mas eu, por de vantagem merecê-los, dei mais a vida e alma por querê-los, donde já me não fica a mais de resto.
Assim que a vida e alma e esperança e tudo quanto tenho, tudo é vosso, e o proveito disso eu só o levo.
Porque é tamanha bem-aventurança O dar-vos quanto tenho e quanto posso Que, quanto mais vos pago, mais vos devo.
Nesse soneto, o eu lírico tem como interlocutora uma mulher, tratada por “Senhora”, a quem dirige seu devoto amor. Esse amor, porém, parece não ser materializado, ficando restrito ao plano das ideias, ou seja, é um amor platônico. A voz poética expressa sua constante atitude de renúncia e sacrifício em prol desse amor, mas não espera nada em troca, a não ser a satisfação de sempre se ver na necessidade de prestar honras a esse amor.
A dança de rua, ou Street Dance é um conjunto
de estilos de danças que possuem movimentos
detalhados (acompanhados de expressão facial),
dançadas nos guetos, festas e bailes dos grandes
centros urbanos, envolvendo elementos de música,
dança e arte. As músicas, independente do estilo
de Street Dance, têm a batida forte como principal
característica.
A dança de rua originou-se nos Estados Unidos,
em 1929, época da quebra da bolsa de Nova York e
da grande crise econômica. Músicos e dançarinos
dos cabarés americanos urbanos, desempregados como
consequência da crise, passaram a realizar suas
performances nas ruas.
No fim dos anos 60, o cantor americano James
Brown criou um novo ritmo que influenciou muito a
dança de rua: o Soul (ritmo de origem afroamericana). Mais tarde, o funk (também de James
Brown), a música Disco e o Rap também
influenciaram a dança de rua.
O Breaking surgiu na
década de 80 como uma vertente da dança de rua, e
foi disseminado pelo mundo rapidamente, tendo como
principal precursor o americano Michael Jackson.
Na década de 70, o movimento que teve início
com a dança se estendeu para outras manifestações
culturais e artísticas, como a pintura, a poesia,
o grafite e o visual (modo de se vestir, de andar,
etc.).
A esse novo estilo nascido nos guetos novaiorquinos) deu-se o nome de Hip – Hop.
Conheça um pouco mais da Cultura Hip Hop:
Sabia que, para os seus praticantes, não se
trata de um simples estilo de dança urbana. É um
meio de vida, que possui como principais
elementos: O GRAFITE, O RAP, O DJ, O MC, O B-boy e
B-girl e a dança em si.
Pesquise um pouco mais
sobre os elementos dessa cultura.
Peça ajuda a
quem estiver com você e depois responda as
questões sobre as características principais de
cada um dos elementos.
O hip hop também se
apresenta como meio de resistência. As letras de
suas músicas denunciam o racismo e as
desigualdades sociais.
Contexto histórico do Contexto histórico do classicismo
Classicismo é o nome atribuído à literatura que foi produzida no contextode vigência do Renascimento, amplo movimento artístico, cultural e científico que ocorreu no século XVI, inspirado na cultura clássica greco-latina.
O contexto histórico que propiciou o surgimento do Renascimento foi marcado por uma série de acontecimentos, como as navegações e os descobrimentos, no final do século XV; a formação dos Estados modernos; a Reforma Protestante, em 1517; a Revolução Comercial, iniciada no século XV; o fortalecimento da burguesia comercial, entre outros acontecimentos que acentuaram o declínio da Idade Média, dando origem à Era Moderna.
O interesse pela cultura clássica já vinha ocorrendo desde o final do século XIII, na Itália, onde escritores e intelectuais, como Dante Alighieri, Petrarca e Boccaccio, chamadoshumanistas, liam e traduziam autores latinos e gregos.
DanteAlighieri, autor de Divina Comédia, criou a medida nova, modo de se fazer poemas a partir de versos decassílabos, deixando para trás as redondilhas medievais, que passaram a ser categorizadas como “medida velha”. Ainda nesse contexto de surgimento dos ideais humanistas na literatura, teve papel de destaque o poeta italiano Petrarca, que se tornou referência na composição de sonetos ao publicar 350 poemas, a maior parte sonetos, em seu Cancioneiro.
O soneto italiano, difundido por Petrarca, é uma forma fixa que consiste de quatro estrofes, dispostas da seguinte forma: a primeira e a segunda possuem quatro versos; a terceira e a quarta, três versos. Nesses sonetos, Petrarca cantava o amor platônico, restrito ao plano das ideias, por Laura, sua musa. Boccaccio destacou-se pela escrita da obra em prosa intitulada Decameron, conjunto de narrativas curtas e picantes que retratavam criticamente a realidade europeia.
Essas transformações, iniciadas pelos humanistas no século XIII, foram intensificando-se e, gradualmente, propiciando o clima ideal para que, no século XVI, surgisse o classicismo. Esse importante movimento artístico floresceu em um contexto histórico de profundas transformações sociais, econômicas, culturais e religiosas, momento em que a fé medieval foi substituída pela razão; o cristianismo, pela mitologia greco-latina; e o teocentrismo, pelo antropocentrismo.
Diferentemente do homem medieval, que se voltava essencialmente para as coisas do espírito, o homem do século XVI, sob o ideário do classicismo, voltou-se para a realidade concreta e acreditava em sua capacidade de dominar e transformar o mundo que o cercava.
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Principais características do classicismo
O classicismo, em relação à temática de suas obras, teve como características principais a idealização amorosa, o que se dava a partir do cultivo do neoplatonismo; o predomínio da razão, como uma inspiração humanista advinda da crença na ciência; o cultivo do paganismo, influência da cultura greco-romana; a valorização do antropocentrismo, conceito em que o homem é visto como o centro do universo, o que se contrapunha à crença teocêntrica que vigorou na Idade Média; o desenvolvimento de uma perspectiva universalista acerca da realidade; a busca pela clareza e pelo equilíbrio de ideias; e o gosto pelo nacionalismo em um contexto de intensas investidas comerciais a outros territórios a partir das navegações.
Quanto aos aspectos formais, o classicismo teve forte apreço pelo soneto, cultivando-o e difundindo-o como modelo de poema a ser escrito. Além do soneto, os poetas filiados ao classicismo valorizavam a imitação das formas clássicas, visando ao equilíbrio formal, além do emprego da medida nova, como um contraponto à medida velha cultivada na Idade Média.
O classicismo em Portugal, assim como o desenvolvido em outros países da Europa, valorizou temáticas neoplatônicas, vinculadas à concepção de amor teorizada por Platão na Grécia Antiga, segundo a qual o amor se concretizaria somente no plano das ideias, e não a partir da matéria carnal. Porém, em razão do forte contexto de navegações e de expansões territoriais vivido por Portugal no período do classicismo, esse movimento artístico no país valorizou, sobretudo, o aspectonacionalista, já que os grandes feitos nacionais, como as conquistas do povo português, foram exaltados na poesia épica de Luís Vaz de Camões.
Principais autores do classicismo em Portugal
Francisco de Sá de Miranda
Pioneiro do classicismo em Portugal, Sá de Miranda nasceu em Coimbra, em 1481, e morreu em Amares, interior do território português, em 1558. Fez Direito na Universidade de Lisboa e frequentou a Corte até 1521, data em que partiu para a Itália. Regressou a Portugal em 1526, depois de grande convívio com escritores e artistas italianos.
Foi o responsávelpor introduzir o verso decassílabo em Portugal, ou seja, o verso constituído por dez sílabas métricas. Além disso, foi pioneiro na composição de sextinas, tercetos e oitavas, influenciando muitos outros poetas. Leia um de seus sonetos:
SONETO 17
Este retrato vosso é o sinal ao longe do que sois, por desamparo destes olhos de cá, porque um tão claro lume não pode ser vista mortal.
Quem tirou nunca o sol por natural? Nem viu, se nuvens não fazem reparo, em noite escura ao longe aceso um faro? Agora se não vê, ora vê mal.
Para uns tais olhos, que ninguém espera de face a face, gram remédio fora acertar o pintor ver-vos sorrindo.
Mas inda assim não sei que ele fizera, que a graça em vós não dorme em nenhuma hora. Falando que fará? Que fará rindo?
Nesse soneto, escrito ao modo petrarquiano, com rimas ABBA nos dois quartetos, o poeta expressa a voz de um eu lírico que, tendo da sua amada apenas um retrato como lembrança, dirige-lhe a interlocução, sem, no entanto, obter resposta. Assim como em outros sonetos do autor sobre temática amorosa, nota-se nesses versos a presença do amor platônico, o qual só tem existência espiritual. Acesse também: 5 de maio – Dia da Língua Portuguesa e da Cultura Lusófona
Luís Vaz de Camões
Considerado o mais importante escritor de língua portuguesa, Camões foi o nome mais expressivo do classicismo português. Por serem muito escassos os documentos referentes à vida de Luís Vaz de Camões, estima-se que ele tenha nascido ou em 1524 ou em 1525, em Lisboa, capital de Portugal. Teria cursado Artes no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra. Ainda jovem, ingressou na carreira militar, tendo servido em Marrocos, onde perdeu o olho direito. Morreu em 1580, em situação de extrema pobreza. Para saber mais sobre a vida e a obra desse autor português, leia: Luís Vaz de Camões.
Principais obras de Camões
→ Os Lusíadas
Sua obra-prima foi o poema épicoOs Lusíadas, publicado em 1572 e estruturado em 10 cantos, nos quais distribuem-se 8.816 versos em oitava rima. Aos moldes das epopeias clássicas, como Odisseia e Ilíada, o poema de Camões contém proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo.
Narram-se, ao longo dos 10 cantos, os feitos heroicos dos portugueses, os quais, em 1498, lançaram-se ao mar em busca de expansão comercial e territorial, liderados por Vasco da Gama, comandante da expedição que descobriu o caminho para as Índias. Leia a estrofe 3 do Canto I:
Canto I
Cessem do sábio Grego e do Troiano As navegações grandes que fizeram; Cale-se de Alexandro e de Trajano A fama das vitórias que tiveram; Que eu canto o peito ilustre Lusitano, A quem Neptuno e Marte obedeceram: Cesse tudo o que a Musa antígua canta, Que outro valor mais alto se alevanta.
Última estrofe da proposição, tem-se nesses verses a exaltação da empreitada marítima portuguesa, considerada pelo poeta superior às navegações empreendidas pelos gregos, pelo imperador Alexandre, por Trajano. Além dessa comparação que coloca em superioridade os lusitanos, notam-se nesses versos referências à mitologia greco-romana, característica fundamental do classicismo.
Poesia
Na poesia lírica, Camões escreveu poemas em medida velha (redondilhas) e poemas em medida nova (decassílabos), influência dos humanistas italianos, principalmente do poeta Petrarca (1304-1374). Em relação à temática, seus poemas expressam temas ligados ao neoplatonismo amoroso, à reflexão filosófica e à natureza.
Quem vê, Senhora, claro e manifesto o lindo ser de vossos olhos belos, se não perder a vista só em vê-los, já não paga o que deve a vosso gesto.
Este me parecia preço honesto; mas eu, por de vantagem merecê-los, dei mais a vida e alma por querê-los, donde já me não fica a mais de resto.
Assim que a vida e alma e esperança e tudo quanto tenho, tudo é vosso, e o proveito disso eu só o levo.
Porque é tamanha bem-aventurança O dar-vos quanto tenho e quanto posso Que, quanto mais vos pago, mais vos devo.
Nesse soneto, o eu lírico tem como interlocutora uma mulher, tratada por “Senhora”, a quem dirige seu devoto amor. Esse amor, porém, parece não ser materializado, ficando restrito ao plano das ideias, ou seja, é um amor platônico. A voz poética expressa sua constante atitude de renúncia e sacrifício em prol desse amor, mas não espera nada em troca, a não ser a satisfação de sempre se ver na necessidade de prestar honras a esse amor.
Sete anos de pastor Jacó servia Labão, pai de Raquel, serrana bela; Mas não servia ao pai, servia a ela, E a ela só por prêmio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia, Passava, contentando-se com vê-la; Porém o pai, usando de cautela, Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos Lhe fora assim negada a sua pastora, Como se a não tivera merecida,
Começa de servir outros sete anos, Dizendo: – Mais servira, se não fora Para tão longo amor tão curta a vida!
(Luiz Vaz de Camões, 1524-1580)
Pela manhã, viu Jacó que tinha ficado com Lia. E disse a Labão: "Que me fizeste? Não foi por Raquel que te servi? Por que me enganaste?"
(Gênesis, 29: 15-30)
Per Rachel ho servito e non por Lia.
(Petrarca, poeta humanista, 1307-1374)
Os fragmentos dos textos do Gênesis e de Petrarca, numa relação intertextual com o poema de Camões, evidenciam que o poeta português segue o princípio da imitação e aceitação de modelos preexistentes bíblicos, greco-latinos ou humanistas. A esse fenômeno artístico da época camoniana chamamos de
a) religiosidade. b) antiguidade. c) racionalidade. d) formalismo. e) emulação.
Resolução
Alternativa “e”. O princípio da imitação de autores antigos consagrados, no Renascimento, é chamado de imitatio ou emulação.
Questão 2 - (UEL)
E vê do mundo todo os principais. Que nenhum no bem público imagina; Vê neles que não têm amor a mais Que a si somente, e a quem Filáucia ensina. Vê que esses que frequentam os reais Paços, por verdadeira e sã doutrina Vendem adulação, que mal consente
Mondar-se o novo trigo florescente. Vê que aqueles que devem à pobreza Amor divino e ao povo caridade, Amam somente mandos e riqueza, Simulando justiça e integridade. Da feia tirania e de aspereza Fazem direito e vã severidade: Leis em favor do Rei se estabelecem, As em favor do povo só perecem.
(CAMÕES, L. de. Os lusíadas. Obras. Porto: Lello & Irmão, 1970. p. 1344-1345.)
Filáucia = amor-próprio
Mondar = limpar
O poema de Camões trata de uma circunstância fundamental para os povos de todos os momentos – a moral dos homens públicos.
Assinale a alternativa que contempla as falhas morais consideradas pelo poeta.
a) Ganância, gula e devassidão.
b) Desconsideração, injustiça e autopromoção.
c) Orgulho, inveja e egoísmo.
d) Injustiça, egoísmo e fraude.
e) Cobiça, orgulho e preguiça.
Resolução
Alternativa D. O texto menciona claramente os vícios da injustiça: "Leis em favor do Rei se estabelecem / As em favor do povo só perecem"; do egoísmo: "Vê neles que não têm amor a mais / Que a si somente, e a quem Filáucia ensina."; e da fraude: "Vê que esses que frequentam os reais/ Paços, por verdadeira e sã doutrina / Vendem adulação".
Questão 3 - (Enem - 2010)
Texto I
XLI Ouvia: Que não podia odiar E nem temer Porque tu eras eu. E como seria Odiar a mim mesma E a mim mesma temer. HILST, H. Cantares. São Paulo: Globo, 2004 (fragmento).
Texto II
Transforma-se o amador na cousa amada Transforma-se o amador na cousa amada, por virtude do muito imaginar; não tenho, logo, mais que desejar, pois em mim tenho a parte desejada. Camões. Sonetos. Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br. Acesso em: 03 set. 2010 (fragmento).
Nesses fragmentos de poemas de Hilda Hilst e de Camões, a temática comum é
a) o “outro” transformado no próprio eu lírico, o que se realiza por meio de uma espécie de fusão de dois seres em um só.
b) a fusão do “outro” com o eu lírico, havendo, nos versos de Hilda Hilst, a afirmação do eu lírico de que odeia a si mesmo.
c) o “outro” que se confunde com o eu lírico, verificando-se, porém, nos versos de Camões, certa resistência do ser amado.
d) a dissociação entre o “outro” e o eu lírico, porque o ódio ou o amor se produzem no imaginário, sem a realização concreta.
e) o “outro” que se associa ao eu lírico, sendo tratados, nos Textos I e II, respectivamente, o ódio e o amor.
Classicismo é o nome atribuído à literatura que foi produzida no contextode vigência do Renascimento, amplo movimento artístico, cultural e científico que ocorreu no século XVI, inspirado na cultura clássica greco-latina.
O contexto histórico que propiciou o surgimento do Renascimento foi marcado por uma série de acontecimentos, como as navegações e os descobrimentos, no final do século XV; a formação dos Estados modernos; a Reforma Protestante, em 1517; a Revolução Comercial, iniciada no século XV; o fortalecimento da burguesia comercial, entre outros acontecimentos que acentuaram o declínio da Idade Média, dando origem à Era Moderna.
O interesse pela cultura clássica já vinha ocorrendo desde o final do século XIII, na Itália, onde escritores e intelectuais, como Dante Alighieri, Petrarca e Boccaccio, chamadoshumanistas, liam e traduziam autores latinos e gregos.
DanteAlighieri, autor de Divina Comédia, criou a medida nova, modo de se fazer poemas a partir de versos decassílabos, deixando para trás as redondilhas medievais, que passaram a ser categorizadas como “medida velha”. Ainda nesse contexto de surgimento dos ideais humanistas na literatura, teve papel de destaque o poeta italiano Petrarca, que se tornou referência na composição de sonetos ao publicar 350 poemas, a maior parte sonetos, em seu Cancioneiro.
O soneto italiano, difundido por Petrarca, é uma forma fixa que consiste de quatro estrofes, dispostas da seguinte forma: a primeira e a segunda possuem quatro versos; a terceira e a quarta, três versos. Nesses sonetos, Petrarca cantava o amor platônico, restrito ao plano das ideias, por Laura, sua musa. Boccaccio destacou-se pela escrita da obra em prosa intitulada Decameron, conjunto de narrativas curtas e picantes que retratavam criticamente a realidade europeia.
Essas transformações, iniciadas pelos humanistas no século XIII, foram intensificando-se e, gradualmente, propiciando o clima ideal para que, no século XVI, surgisse o classicismo. Esse importante movimento artístico floresceu em um contexto histórico de profundas transformações sociais, econômicas, culturais e religiosas, momento em que a fé medieval foi substituída pela razão; o cristianismo, pela mitologia greco-latina; e o teocentrismo, pelo antropocentrismo.
Diferentemente do homem medieval, que se voltava essencialmente para as coisas do espírito, o homem do século XVI, sob o ideário do classicismo, voltou-se para a realidade concreta e acreditava em sua capacidade de dominar e transformar o mundo que o cercava.
Principais características do classicismo
O classicismo, em relação à temática de suas obras, teve como características principais a idealização amorosa, o que se dava a partir do cultivo do neoplatonismo; o predomínio da razão, como uma inspiração humanista advinda da crença na ciência; o cultivo do paganismo, influência da cultura greco-romana; a valorização do antropocentrismo, conceito em que o homem é visto como o centro do universo, o que se contrapunha à crença teocêntrica que vigorou na Idade Média; o desenvolvimento de uma perspectiva universalista acerca da realidade; a busca pela clareza e pelo equilíbrio de ideias; e o gosto pelo nacionalismo em um contexto de intensas investidas comerciais a outros territórios a partir das navegações.
Quanto aos aspectos formais, o classicismo teve forte apreço pelo soneto, cultivando-o e difundindo-o como modelo de poema a ser escrito. Além do soneto, os poetas filiados ao classicismo valorizavam a imitação das formas clássicas, visando ao equilíbrio formal, além do emprego da medida nova, como um contraponto à medida velha cultivada na Idade Média.
O classicismo em Portugal, assim como o desenvolvido em outros países da Europa, valorizou temáticas neoplatônicas, vinculadas à concepção de amor teorizada por Platão na Grécia Antiga, segundo a qual o amor se concretizaria somente no plano das ideias, e não a partir da matéria carnal. Porém, em razão do forte contexto de navegações e de expansões territoriais vivido por Portugal no período do classicismo, esse movimento artístico no país valorizou, sobretudo, o aspectonacionalista, já que os grandes feitos nacionais, como as conquistas do povo português, foram exaltados na poesia épica de Luís Vaz de Camões.
Principais autores do classicismo em Portugal
Francisco de Sá de Miranda
Pioneiro do classicismo em Portugal, Sá de Miranda nasceu em Coimbra, em 1481, e morreu em Amares, interior do território português, em 1558. Fez Direito na Universidade de Lisboa e frequentou a Corte até 1521, data em que partiu para a Itália. Regressou a Portugal em 1526, depois de grande convívio com escritores e artistas italianos.
Foi o responsávelpor introduzir o verso decassílabo em Portugal, ou seja, o verso constituído por dez sílabas métricas. Além disso, foi pioneiro na composição de sextinas, tercetos e oitavas, influenciando muitos outros poetas. Leia um de seus sonetos:
SONETO 17
Este retrato vosso é o sinal ao longe do que sois, por desamparo destes olhos de cá, porque um tão claro lume não pode ser vista mortal.
Quem tirou nunca o sol por natural? Nem viu, se nuvens não fazem reparo, em noite escura ao longe aceso um faro? Agora se não vê, ora vê mal.
Para uns tais olhos, que ninguém espera de face a face, gram remédio fora acertar o pintor ver-vos sorrindo.
Mas inda assim não sei que ele fizera, que a graça em vós não dorme em nenhuma hora. Falando que fará? Que fará rindo?
Nesse soneto, escrito ao modo petrarquiano, com rimas ABBA nos dois quartetos, o poeta expressa a voz de um eu lírico que, tendo da sua amada apenas um retrato como lembrança, dirige-lhe a interlocução, sem, no entanto, obter resposta. Assim como em outros sonetos do autor sobre temática amorosa, nota-se nesses versos a presença do amor platônico, o qual só tem existência espiritual. Acesse também: 5 de maio – Dia da Língua Portuguesa e da Cultura Lusófona
Luís Vaz de Camões
Considerado o mais importante escritor de língua portuguesa, Camões foi o nome mais expressivo do classicismo português. Por serem muito escassos os documentos referentes à vida de Luís Vaz de Camões, estima-se que ele tenha nascido ou em 1524 ou em 1525, em Lisboa, capital de Portugal. Teria cursado Artes no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra. Ainda jovem, ingressou na carreira militar, tendo servido em Marrocos, onde perdeu o olho direito. Morreu em 1580, em situação de extrema pobreza. Para saber mais sobre a vida e a obra desse autor português, leia: Luís Vaz de Camões.
Principais obras de Camões
→ Os Lusíadas
Sua obra-prima foi o poema épicoOs Lusíadas, publicado em 1572 e estruturado em 10 cantos, nos quais distribuem-se 8.816 versos em oitava rima. Aos moldes das epopeias clássicas, como Odisseia e Ilíada, o poema de Camões contém proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo.
Narram-se, ao longo dos 10 cantos, os feitos heroicos dos portugueses, os quais, em 1498, lançaram-se ao mar em busca de expansão comercial e territorial, liderados por Vasco da Gama, comandante da expedição que descobriu o caminho para as Índias. Leia a estrofe 3 do Canto I:
Canto I
Cessem do sábio Grego e do Troiano As navegações grandes que fizeram; Cale-se de Alexandro e de Trajano A fama das vitórias que tiveram; Que eu canto o peito ilustre Lusitano, A quem Neptuno e Marte obedeceram: Cesse tudo o que a Musa antígua canta, Que outro valor mais alto se alevanta.
Última estrofe da proposição, tem-se nesses verses a exaltação da empreitada marítima portuguesa, considerada pelo poeta superior às navegações empreendidas pelos gregos, pelo imperador Alexandre, por Trajano. Além dessa comparação que coloca em superioridade os lusitanos, notam-se nesses versos referências à mitologia greco-romana, característica fundamental do classicismo.
Poesia
Na poesia lírica, Camões escreveu poemas em medida velha (redondilhas) e poemas em medida nova (decassílabos), influência dos humanistas italianos, principalmente do poeta Petrarca (1304-1374). Em relação à temática, seus poemas expressam temas ligados ao neoplatonismo amoroso, à reflexão filosófica e à natureza.
Quem vê, Senhora, claro e manifesto o lindo ser de vossos olhos belos, se não perder a vista só em vê-los, já não paga o que deve a vosso gesto.
Este me parecia preço honesto; mas eu, por de vantagem merecê-los, dei mais a vida e alma por querê-los, donde já me não fica a mais de resto.
Assim que a vida e alma e esperança e tudo quanto tenho, tudo é vosso, e o proveito disso eu só o levo.
Porque é tamanha bem-aventurança O dar-vos quanto tenho e quanto posso Que, quanto mais vos pago, mais vos devo.
Nesse soneto, o eu lírico tem como interlocutora uma mulher, tratada por “Senhora”, a quem dirige seu devoto amor. Esse amor, porém, parece não ser materializado, ficando restrito ao plano das ideias, ou seja, é um amor platônico. A voz poética expressa sua constante atitude de renúncia e sacrifício em prol desse amor, mas não espera nada em troca, a não ser a satisfação de sempre se ver na necessidade de prestar honras a esse amor.
Sete anos de pastor Jacó servia Labão, pai de Raquel, serrana bela; Mas não servia ao pai, servia a ela, E a ela só por prêmio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia, Passava, contentando-se com vê-la; Porém o pai, usando de cautela, Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos Lhe fora assim negada a sua pastora, Como se a não tivera merecida,
Começa de servir outros sete anos, Dizendo: – Mais servira, se não fora Para tão longo amor tão curta a vida!
(Luiz Vaz de Camões, 1524-1580)
Pela manhã, viu Jacó que tinha ficado com Lia. E disse a Labão: "Que me fizeste? Não foi por Raquel que te servi? Por que me enganaste?"
(Gênesis, 29: 15-30)
Per Rachel ho servito e non por Lia.
(Petrarca, poeta humanista, 1307-1374)
Os fragmentos dos textos do Gênesis e de Petrarca, numa relação intertextual com o poema de Camões, evidenciam que o poeta português segue o princípio da imitação e aceitação de modelos preexistentes bíblicos, greco-latinos ou humanistas. A esse fenômeno artístico da época camoniana chamamos de
a) religiosidade. b) antiguidade. c) racionalidade. d) formalismo. e) emulação.
Resolução
Alternativa “e”. O princípio da imitação de autores antigos consagrados, no Renascimento, é chamado de imitatio ou emulação.
Questão 2 - (UEL)
E vê do mundo todo os principais. Que nenhum no bem público imagina; Vê neles que não têm amor a mais Que a si somente, e a quem Filáucia ensina. Vê que esses que frequentam os reais Paços, por verdadeira e sã doutrina Vendem adulação, que mal consente
Mondar-se o novo trigo florescente. Vê que aqueles que devem à pobreza Amor divino e ao povo caridade, Amam somente mandos e riqueza, Simulando justiça e integridade. Da feia tirania e de aspereza Fazem direito e vã severidade: Leis em favor do Rei se estabelecem, As em favor do povo só perecem.
(CAMÕES, L. de. Os lusíadas. Obras. Porto: Lello & Irmão, 1970. p. 1344-1345.)
Filáucia = amor-próprio
Mondar = limpar
O poema de Camões trata de uma circunstância fundamental para os povos de todos os momentos – a moral dos homens públicos.
Assinale a alternativa que contempla as falhas morais consideradas pelo poeta.
a) Ganância, gula e devassidão.
b) Desconsideração, injustiça e autopromoção.
c) Orgulho, inveja e egoísmo.
d) Injustiça, egoísmo e fraude.
e) Cobiça, orgulho e preguiça.
Resolução
Alternativa D. O texto menciona claramente os vícios da injustiça: "Leis em favor do Rei se estabelecem / As em favor do povo só perecem"; do egoísmo: "Vê neles que não têm amor a mais / Que a si somente, e a quem Filáucia ensina."; e da fraude: "Vê que esses que frequentam os reais/ Paços, por verdadeira e sã doutrina / Vendem adulação".
Questão 3 - (Enem - 2010)
Texto I
XLI Ouvia: Que não podia odiar E nem temer Porque tu eras eu. E como seria Odiar a mim mesma E a mim mesma temer. HILST, H. Cantares. São Paulo: Globo, 2004 (fragmento).
Texto II
Transforma-se o amador na cousa amada Transforma-se o amador na cousa amada, por virtude do muito imaginar; não tenho, logo, mais que desejar, pois em mim tenho a parte desejada. Camões. Sonetos. Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br. Acesso em: 03 set. 2010 (fragmento).
Nesses fragmentos de poemas de Hilda Hilst e de Camões, a temática comum é
a) o “outro” transformado no próprio eu lírico, o que se realiza por meio de uma espécie de fusão de dois seres em um só.
b) a fusão do “outro” com o eu lírico, havendo, nos versos de Hilda Hilst, a afirmação do eu lírico de que odeia a si mesmo.
c) o “outro” que se confunde com o eu lírico, verificando-se, porém, nos versos de Camões, certa resistência do ser amado.
d) a dissociação entre o “outro” e o eu lírico, porque o ódio ou o amor se produzem no imaginário, sem a realização concreta.
e) o “outro” que se associa ao eu lírico, sendo tratados, nos Textos I e II, respectivamente, o ódio e o amor.