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RIMA BIRUTA

sábado, 4 de fevereiro de 2023

Oficina de produção textual textos de divulgação científica



 AULA 1 

Textualidade

textualidade é um conjunto de elementos necessários em toda produção textual. Ela é composta por sete fatores (coerência, coesão, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade) mais os elementos (clareza, expressividade e originalidade), que, juntos, são os responsáveis por indicar cada aspecto envolvido na comunicação do texto.

O texto é o produto final da textualidade e apresenta aspectos estruturais e pragmáticos — textualidade — e aspectos ideológicos, como valores morais e culturais, analisados pela discursividade.





O que é textualidade?

A textualidade é o conjunto de características básicas de todo texto. Ela é responsável por garantir que, em uma situação comunicativa, algo seja compreendido como um texto, e não um aglomerado de palavras e frases justapostas. Os princípios da textualidade embasam toda produção textual, logo é essencial compreendê-los e dominá-los.

Vejamos um exemplo. A expressão “Fogo!”, sem contexto comunicativo, representa uma palavra da língua portuguesa acompanhada do ponto exclamativo. Entretanto, se pensamos em uma situação cotidiana, onde um morador grita “Fogo!”, isso pode se configurar como um texto, por quê?

O texto não é composto apenas pela base material (palavras e frases), mas também por elementos pragmáticos, ou seja, extratextuais. No exemplo citado, a aplicação a um contexto indica que, ao gritar “Fogo!”, essa única palavra ganha valor de texto, pois comunica uma situação de perigo, bem como solicita ajuda.

Sendo assim, o ouvinte/leitor reconhece, em uma situação real, que essa expressão transmite uma mensagem maior, mas que, devido às próprias características do contexto, não pode ser explicada em longas frases. O estudo da textualidade explica quais fatores fazem com que “Fogo!” possa ser um texto.


Quais são os elementos da textualidade?

Os elementos da textualidade são características superficiais que se aplicam à matéria textual (palavras e frases). Eles são responsáveis por auxiliar na construção do sentido, garantindo a compreensão e interpretação do leitor. Falamos em três elementos principais, que se relacionam internamente no texto.

  • Clareza das palavras: refere-se à boa escolha vocabular. Toda palavra possui um significado denotativo, mas também diversos outros significados simbólicos. Na hora de escolher quais expressões utilizar, é importante atentar a quais outros sentidos elas podem evocar, evitando toda escolha que for prejudicial ao sentido. É importante que o vocabulário seja preciso e objetivo.

  • Expressividade: é o complemento da clareza vocabular. Ela se concentra no modo geral como o autor trabalha com as palavras, escolhe-as com objetividade e organiza-as com estratégia e direcionamento, permitindo que o sentido esteja acessível ao leitor. Por exemplo: no texto jornalístico, a expressividade avaliaria aspectos como objetividade, formalidade e impessoalidade no sentido do texto; já em um texto literário, a expressividade se voltaria ao aspecto estético utilizado para atingir o leitor.

  • Originalidade: refere-se ao aspecto autoral das produções textuais. Nenhum texto é totalmente novo, mas repetir informações conhecidas ou reproduzir ideias não é interessante ao texto. Sendo assim, é importante adicionar sua própria perspectiva tanto no trabalho conceitual do tema quanto na forma de organizar e expressar a mensagem.


Quais são os fatores de textualidade?


Todo texto existe no centro de uma relação linguística e pragmática.

Os fatores da textualidade são os elementos essenciais a toda produção textual, pois são as características básicas que abarcam os elementos textuais e contextuais, imbricados em toda comunicação. São sete os fatores da textualidade, dois linguísticos e cinco pragmáticos: coerência, coesão, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade, intertextualidade.

  • Coerência: trabalha no aspecto lógico, semântico e cognitivo do texto. Ela é a propriedade que garante a construção de um novo sentido, a partir das relações entre diferentes ideias e conceitos utilizados. Um texto coerente apresenta ideias conectadas e explicadas, bem como evita contradições.

  • Coesão: é a materialização da coerência, por meio dos elementos conectivos (conjunções, pronomes, preposições, etc.), responsáveis por estabelecer e caracterizar a natureza das relações entre as ideias do texto. O texto que apresenta muitas informações, mas não estabelece relações linguísticas entre elas, acaba deixando as frases soltas e o sentido total comprometido.

  • Intencionalidade: refere-se ao esforço linguístico do locutor (escritor/falante) em expressar a sua mensagem, por meio de um texto coerente e coeso. Todo texto é produzido com algum intuito comunicativo. Quando organizamos bem o sentido, a intenção do autor se faz mais evidente e contribui na compreensão do leitor/ouvinte.

  • Aceitabilidade: é o fator referente ao interlocutor (ouvinte/leitor), pois indica a expectativa do receptor em compreender a mensagem do texto. O sentido não se constrói somente pela intenção do autor, mas também pela abertura e conhecimento de mundo do leitor. Sendo assim, esse fator interfere na compreensão de um produto como texto.

  • Situacionalidade: indica o contexto no qual o texto está inserido, analisando a pertinência ou não da produção textual para a situação comunicativa. Um texto só pode ser reconhecido como tal se ele estiver contextualizado adequadamente.

  • Informatividade: é o fator que avalia o equilíbrio entre as novas informações e as informações já conhecidas. Nenhum texto produz um sentido totalmente novo, pois sempre considera conhecimentos já existentes. Entretanto, o texto que somente repete dados conhecidos não acrescenta nada de novo, apresenta-se mais como cópia. O autor, desse modo, deve balancear os conhecimentos que serão retomados e quais novos serão apresentados.

  • Intertextualidade: refere-se à presença de marcas, semânticas ou formais, de textos produzidos anteriormente no novo texto. Como dito anteriormente, o texto não pode apresentar informações totalmente novas, por isso nos referimos a outros textos para acrescentarmos ou criticarmos seu sentido. Todo texto apresenta intertextualidade, mas nem sempre ela vem indicada explicitamente.

Diferença entre texto e textualidade

A textualidade é o conjunto de características que permitem que uma produção seja reconhecida como texto, ou seja, são os atributos de toda produção textual. O texto é o produto da textualidade, uma manifestação verbal, oral ou escrita, na qual os elementos linguísticos são organizados e estruturados pelo locutor, com o intuito de permitir que o interlocutor compreenda a intenção do sentido e possa interagir com ele, criticando-o ou refletindo sobre.

Diferença entre textualidade e discursividade

textualidade indica os fatores que são pertinentes a toda produção textual, focando-se apenas nos atributos gerais que envolvem as situações comunicativas. Ela avalia os aspectos que permitem que um texto seja entendido como tal, desconsiderando os valores semânticos e ideológicos.

Diferentemente, a discursividade analisa as expressões do texto como produto ideológico, considerando suas marcações identitárias (gênero, classe, raça), valores morais e/ou religiosos (noções de certo e errado), influências culturais, etc. Ela prioriza os sentidos e vê a estrutura como um instrumento de expressão deles.


Coerência textual

Importante elemento para a compreensão de um texto, a coerência textual é construída através dos conhecimentos sociocognitivos de cada leitor.

Quando você se propõe a escrever um texto, certamente se lembra de quem vai ler, não é verdade? Provavelmente, você também se lembra de que alguns cuidados devem ser tomados para que o leitor compreenda o texto. Nessa tentativa de fazer-se compreendido, você estabelece alguns padrões mentais que diferem o que é coerente daquilo que não faz o menor sentido, certo?

Pois bem, intuitivamente, você está seguindo um princípio básico para uma boa redação, chamado de coerência textual. Você pode até não conhecer a exata definição desse elemento da linguística textual, mas possivelmente evita construções ininteligíveis em sua redação e recorre aos seus conhecimentos sociocognitivos. A coerência é uma conformidade entre fatos ou ideias, próprio daquilo que tem nexo, conexão, portanto, podemos associá-la ao processo de construção de sentidos do texto e à articulação das ideias. Por serem os sentidos elementos subjetivos, podemos dizer que a coerência não pode ser delimitada, pois o leitor é o responsável pela constituição dos significados do texto.

A coerência é imaterial e não está na superfície textual. Compreender aquilo que está escrito dependerá dos níveis de interação entre o leitor, o autor e o texto. Por esse motivo, um mesmo texto pode apresentar múltiplas interpretações. Quando lemos um texto, estamos ao mesmo tempo construindo sua interpretação, e fazer isso de maneira eficiente está relacionado com os conhecimentos que já possuímos. Como vamos entender um texto que trate de química nuclear se não soubermos o que são os elementos da tabela periódica? Como entender um texto que fale sobre coerência se não soubermos o básico sobre a interpretação de textos?


Três princípios básicos são necessários para compreendermos melhor o que é coerência textual:

1) Princípio da Não Contradição: Um texto deve apresentar situações ou ideias lógicas que em momento algum se contradigam;

2) Princípio da Não Tautologia (redundância): A tautologia nada mais é do que um vício de linguagem que repete ideias com palavras diferentes ao longo do texto, o que compromete a transmissão da informação;

3) Princípio da Relevância: Um texto com informações fragmentadas torna as ideias incoerentes, ainda que cada fragmento apresente certa coerência individual. Se as ideias não dialogam entre si, então elas são irrelevantes.


Os pleonasmos viciosos (REDUNDÂNCIA) mais comuns da língua portuguesa:


subir para cima monopólio exclusivo                      voltar atrás

descer para baixo ganhar grátis                                 preconceito intolerante

sair para fora             encarar de frente                                    sintomas indicativos

entrar para dentro    multidão de pessoas                      fato verídico

cego dos olhos    amanhecer o dia                              suicidou a si mesmo

gritar alto                    criação nova                                      comer com a boca

pessoa humana     repetir de novo                              surdo do ouvido

hemorragia de sangue planejar antecipadamente      países do mundo

viúva do falecido        isto é um fato real                      de chapéu na cabeça

acabamento final      na minha opinião pessoal              elo de ligação

certeza absoluta       maluco da cabeça                       abusar demais

juntamente com goteira no teto                                      detalhes minuciosos

em duas metades iguais infarto do coração            comparecer pessoalmente

há anos atrás              de sua livre escolha   outra alternativa  anexar junto "



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